domingo, 29 de maio de 2011

Meu coração anda em descompasso.
Tenho desejo ímpeto de ser.

sábado, 28 de maio de 2011

Coisas do paralelo.

  As pessoas estabelecem relações paralelas umas com as outras, relações que transcendem tempo, espaço, vontade e memória. transcendem sem feri-los.
  Alguns dizem que é coincidência; acho que esses têm medo dessas relações, pois são mais fortes que tudo.
  Nesse paralelo, acontecem diálogos, sensações, percepções, reflexões, que deixam rastros no nosso mundo.(  Não que esse paralelo não seja nosso também.)
  Talvez seja o contrário: vivemos no paralelo e tocamos aqui no físico, pois penso que o paralelo é o mais forte: lá não se tem o mínimo controle e é preciso liberdade.
  Os cheiros, os sonhos, as sensações...são coisas do paralelo. relações lá estabelecidas, nunca serão quebradas.
  Agora sinto que vivo uma experiência literária comigo e talvez com alguém, no paralelo, muito mais do que no físico.
  Isso é tão maravilhoso quanto sabor de criança inventora no fim da tarde.

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Escritores precisam de estado de reformulação.
É quando a mente descansa, mas a alma inquieta e o corpo cansa.
É quando em uma pausa tudo muda na natureza lírica, em velocidade de poesia. Queira o poeta ou não, a poesia é viva por si só.
Mas depois que tudo dorme na aparência, um vento sopra trazendo um novo que sacia.
Está faltando um pedaço;
faltando um pedaço de mim...
um laço,
um amasso,
um traço,
um passo,
um maço...
qualquer aço daquele meu ferro bruto.

Domino minhas verdades.

Não tinha acabado porque eu não via o final.
não o sentia.
Então por isso, não existia.
Ele fazia um sinal divino, mas nem por isso divinava.
Saúdo o mundo com comprimentos cegos e mudos.

Ouro Preto

Ouro Preto é tão bela quanto uma mulher adormecida. As colinas são as curvas, sinuosas, acompanhadas por um fino lençol de casarões antigos, que seguem cada traço, esboçando a mais bela cidade íntima.

domingo, 22 de maio de 2011

Estabeleço relações obliquas ao longo do tempo. Escondo-me debaixo de faixadas também falsas. Pela noite, perco-me em caminhos não traçados.






(Amanheço em camas desinventadas.)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Descobri que meu blog tem N erros de digitação, entre outras coisas. Envolvida na minha preguiça, não vou ficar editando todas as postagens. Mas prometo tentar evitá-los. Desculpas, abraços!

domingo, 15 de maio de 2011

Apito do Trem

Minuuuuuutoo!!!

Passa,

Hora passa,

Dia passa,

Noite passa,

Quando o trem passa.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Recordar é dar corda de novo na nossa caixinha de acontecidos. Assim, eles poderão continuar girando pelo nosso mundo!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Falar sobre escrever com Manoel de Barros.

Há muitas maneiras de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
Sábio é o que adivinha.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.

Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que ás vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.Não gosto de palavra acostumada.
Entender-se não é necessário. Aceitar-se é.

Dona Beti

Dona Beti, senhorinha engraçada!Dona Beti fazia tronquinhos.Troquinhos eram doces de chocolate e coco, de sabor inconfundível! Dava o maior trabalhão pra fazer, mas que prazer era aquele de eu, menina, ao abrir um pote cheio de tronquinhos! Ai, minha boca salivava e eu comia cada um como se fosse o último. Devorava-os me delongando em cada mordida, extraindo o máximo de sabor de cada milímetro de coco com chocolate. Um dia hei de encontrar quem faça tronquinhos. Claro que eles não chegarão aos pés dos da Dona Beti, mas pelo menos para me lembrar.
Super atenciosa, Dona Beti me enchia de mimos e presentinhos. Conquistava-me pela simpatia! Adorava-a, com toda a sinceridade, mesmo que fosse sem os tronquinhos! Mas disso não preciso falar, pois amor de criança é sincero, diferente do de adulto cheio de seus poréns. Amor não tem poréns, não precisa.
Nem mesmo cheguei a conhecer Dona Beti. Pelo menos não que eu me lebre. Se não lembro então não conheci. Depois de um tempo ela foi. Deve ter virado nuvem. Não sei bem, mas Dona Beti estará para sempre no meu paladar, e no meu dedo anular.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sou torta que nem casa antiga de ouro preto. Antes o caminhão passava, tremia tudo, dava rachadura. Agora não passa mais.
Eu ainda tenho as rachaduras, e se gente passa pisando muito forte ainda treme e fraqueja. Um dia de tão velha, vão me derrubar. Ou talvez de importante eu vire museu. Não sei, mas por enquanto gosto de ser essa casa, mesmo com meu piso gasto e com minhas rachaduras.

Reflexões (em construção)

Sou “lacuna de gente” esperando ser preenchida.

Bebo gota de sol todo dia.

Minha amiga é desconfortável com a vida: briga com todo mundo .

Na vida às vezes a gente tem despensar.

Tenho medo de coisas para sempre. Para sempre é muito tempo.

Tem coisas que não voltam mais. Nunca mais. Nunca é muito triste. Não poder fazer nada
também é.

Através de palavras posso pressentir e prever a vida, tudo o que acontece. Porque as palavras são para além da vida.

domingo, 1 de maio de 2011

Os ventos já não eram mais os mesmos.

Sentia o peso dos problemas, como o peso do sol quente na testa, naquela maldita tarde de verão.

Problemas sem solução; Versos não terminados, e que pareciam mesmo intermináveis. Amores mal acabados; outros não começados. Gritos contidos, sonhos não vividos.

Tudo a afligia. O tempo ia como um pássaro veloz, e eu ficava para trás no céu azul. Minha alma de poeta se dissolvia; as turbulências da vida filtravam-me.

E no filtro ficava tudo de bom, e passava tudo de ruim.

Já não era mais a mesma. Nunca foi, afinal. Nunca há de ser a mesma.

Os últimos versos sempre tão ruins!Como as sombras quando se tem pouca luz. As coisas já não eram tão boas; nem os sentimentos tão fortes; nem a alma tão inquieta; nem os gestos tão aflitos; nem a solidão tão perfeita; nem o mundo tão bonito.