quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Fui ao mar
mas deixei cair o peso
sobre os ombros

Na areia
uma concha aguarda, fechada
seu fim
a pele a espera do sol
a vida áspera pelo sal
tudo paira a mercê do mar

sobre o azul do teatro
o mar é minha memória
se perdendo
nado, quase sem fôlego
para chegar à praia
o branco das espumas
também é minha esperança
de que a próxima onda
quebre antes

Não quebrará.
Mantenho a mim mesma e a espera
    em andamento

À noite, sem fôlego
eu, que estou no mar
não chegarei à praia
eu, que estou na praia
não chegarei ao mar

Mas o poema, cansado
insiste
eco mudo, à espreita
permanece, como a concha
relógio de pulso
sem pulso
entra no mar.