quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Fui ao mar
mas deixei cair o peso
sobre os ombros

Na areia
uma concha aguarda, fechada
seu fim
a pele a espera do sol
a vida áspera pelo sal
tudo paira a mercê do mar

sobre o azul do teatro
o mar é minha memória
se perdendo
nado, quase sem fôlego
para chegar à praia
o branco das espumas
também é minha esperança
de que a próxima onda
quebre antes

Não quebrará.
Mantenho a mim mesma e a espera
    em andamento

À noite, sem fôlego
eu, que estou no mar
não chegarei à praia
eu, que estou na praia
não chegarei ao mar

Mas o poema, cansado
insiste
eco mudo, à espreita
permanece, como a concha
relógio de pulso
sem pulso
entra no mar.



terça-feira, 29 de outubro de 2013

travessia

minha mãe veio
enquanto ainda havia turbulências
na verdade,
para essas ondas que nunca cessaram
mais uma brisa

e a palavra seguia
dobrava a esquina
a palavra chegava ao poema
a esquina passada
a palavra passada
o próprio poema já passado
só a mãe não passava
e com ela, o mar
sempre navegante
e mesmo que ofegante,
sempre navegável



domingo, 18 de agosto de 2013

quase inteiro
eu fim
você meio

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

grafito a arte
tudo passa
e volta mais tarde


sábado, 11 de maio de 2013

sou peixe que nada em maré alta
qualquer onda me joga pra frente
qualquer vento me puxa pra trás


sou peixe


e essa imensidão de azul
é toda minha...

terça-feira, 16 de abril de 2013


porém a solidão exerce do mim algo como sinfônico,
como quando uma semicolcheia
toca o segundo horizonte da partitura
:
da incompletude faz-se sol

segunda-feira, 8 de abril de 2013

insolação


insolação
s.f.:ato ou efeito de insolar ou insolar-se
Quando a chuva de dentro
já não pinga mais e
o sol de fora se refugia em nós
[pl.:-ções]