terça-feira, 2 de novembro de 2010

Corria. Corria por entre as folhas, os chinelos atolando no barro da roça. Queria se infiltrar na natureza, fazer parte dela e sentir-se como um animal se sente. Sentir a dor, a liberdade, ver como as coisas deveriam ser.
Corria, e sentindo seu corpo ainda pesado pela aparência humana, desejou tirar as roupas. Parou, e pensou se gostaria mesmo de destruir aquele elo com o mundo humano e moderno, pois aquela experiência era para sempre. Sentiria a sensação animal para sempre. Sim, gostaria. Desejava. Precisava.
E correndo, arrancou toda a roupa e junto dela, qualquer lembrança do mundo humano. E se juntando ao barro, aos animais, se camuflando nas plantas, estava limpa e puramente nua, para uma nova vida.
Adentrava na sensação, era como se agora, vivesse na natureza, como se estivesse sempre estado ali, e selvagem, não conhecera nada mais.
Sim! Pegaria chuva, viveria imunda, afundaria seus pés na lama, seria crua e nua. Deixara seus desejos íntimos á liberdade. E era assim que deveria ser.