quarta-feira, 9 de março de 2011

Resolvi terminar de ver a entrevista que Clarice Lispector concedeu à TV Cultura em 1977(vídeos disponíveis no youtube). Respirei fundo, me preparando para quase uma hora de minutos prolongados pela densidade de Clarice.

Ok Clarice, podemos começar, disse pra mim mesma, como se estivesse em frente a ela. Durante os vídeos fui absorvendo pequenas coisas, e comecei a perceber que as respostas que ela dava as perguntas do repórter, seriam parecidas, ou até mesmo iguais as que eu daria em seu lugar. Foi então que tive a idéia de propor uma brincadeira, um tipo de jogo, a mim mesma. E também a ela.

Lispector cruzou as pernas, e em meio à fumaça de um dos seus cigarros intermináveis, lançou-me um olhar misterioso e desafiador. Entendi aquilo como um sim.

Foi então que prossegui. Seria o seguinte: antes dela responder ao repórter, eu responderia, e depois veria se sua resposta era semelhante a minha.

Não querendo me comprar a grande rainha da literatura-jamais o faria- mas, digo só por diversão, que fiquei espantada em como traços de Lispector foram casar com alguns meus.

Foi uma surpreendente sensação, deliciosamente assustadora.