Vem. Mas vem depressa. Tenho desejo e o desejo é a pressa da vontade.
Senta. Mas faça como se a casa fosse sua, tire as botas, desarrume os lençóis, beba leite no bico.
Beba leite. Meu leite. Mas se lambuze.
Depois deita. Deita em mim. Agora.
Entra, a porta está aberta.
Afinal é para isso que fomos feitas não? Parte de nós está em uma espera corrente.
É quase uma invasão. Mas pode vir. Meu ventre está maduro agora. Meu útero, o mesmo de onde eu tiro
forças para lhe dizer tudo isso, dói, lateja, mas se prepara. A dor é a perda de um preparo.
Doem em mim muitas coisas. Mas pode vir, deita em mim, que meu útero espera sempre.
E eu espero agora ser fecundada pela palavra;
Quero gozar na poesia
Tirá-la do meu útero
E menstruar na frase.
Sangue,
Gozo
E prazer:
todos
poéticos.
(é nas sutilezas que sou mulher)
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