sexta-feira, 30 de março de 2012

Cem batimentos por ora


Vem. Mas vem depressa. Tenho desejo e o desejo é a pressa da vontade.

Senta. Mas faça como se a casa fosse sua, tire as botas, desarrume os lençóis, beba leite no bico.

Beba leite. Meu leite. Mas se lambuze.

Depois deita. Deita em mim. Agora.

Entra, a porta está aberta.

Afinal é para isso que fomos feitas não? Parte de nós está em uma espera corrente.

É quase uma invasão. Mas pode vir. Meu ventre está maduro agora. Meu útero, o mesmo de onde eu tiro
forças para lhe dizer tudo isso, dói, lateja, mas se prepara. A dor é a perda de um preparo.

Doem em mim muitas coisas. Mas pode vir, deita em mim, que meu útero espera sempre.

E eu espero agora ser fecundada pela palavra;

Quero gozar na poesia

Tirá-la do meu útero

E menstruar na frase.

Sangue,
Gozo
E prazer:

todos
poéticos.

(é nas sutilezas que sou mulher)

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