sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

dissolução .

Queria saber como diluir-me. Talvez começasse me transformando em pó. Depois, jogaria o pó na água, e agitaria a mistura.

Diluir-me.

Quem sabe assim consigo tirar um pouco do peso de ser eu. Seria mesmo bom se as partículas de mim conseguissem interagir com as da água. Quando quisesse era só decantar a mistura leve para obter novamente minha densidade, simples assim.


( 2010 )

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Homem, saiba disso:
é difícil para mim dizer
que o vento das tardes de verão
está levando embora o que sobrou do nosso amor
como migalhas de pão.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Segue o link de um blog sobre história, documentos, essas coisas... é de um cara muito legal:
meu pai.
http://begname.blogspot.com/

Adriana Calcanhotto com Parangolé

Nesse vídeo a Adriana Calcanhotto mostra como fazer um Parangolé, que é aquele tipo de vestimenta que ela usa na capa do seu álbum Marítimo. Junto desse cd, vem a música Parangolé Pamplona, que também fala sobre isso.

Aprecio a leveza dela nesse vídeo, é como se a Adriana fizesse algo para se elevar, daí se libera e transcende. Eu gosto de fazer essas coisas loucas que me fazem entrar em contato comigo mesma, é fazer uma experiência de existir.

Parangolé Pamplona- Adriana Calcanhotto

O parangolé pamplona você mesmo faz
O parangolé pamplona a gente mesmo faz
Com um retângulo de pano de uma cor só
E é só dançar
E é só deixar a cor tomar conta do ar
Verde
Rosa
Branco no branco no peito nu
Branco no branco no peito nu
O parangolé pamplona
Faça você mesmo
E quando o couro come
É só pegar carona
Laranja
Vermelho
Para o espaço estandarte
"Para o êxtase asa-delta"
Para o delírio porta aberta
Pleno ar
Puro Hélio
Mas
O parangolé pamplona você mesmo faz

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A tinta da minha caneta acabou... e ando passando por uma crise existencialista barata, sem ao menos possuir o direito de tê-la. Em fim, sinto que preciso sair pela casa recolhendo os cacos de mim, para me remontar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

À parte.

Sinto que deveria viver num casulo. Ou em um mundo em que fosse insignificante demais para entristecer alguém.

- Você veio aqui pra isso?
- Não.
-Então porque age assim?
- Não sei . Sei que fiz. Errei.
- Então corrija.
-Impossível.
-Nada é impossível. Criança, você só foi tola demais.
-Não deveria acontecer.
-Você não pode controlar tudo sempre.
-Estou tentando aprender isso.

As mulheres são incríveis demais para que eu as estrague, destrua as suas belezas inúmeras com minha tolice infantil.


- estou ficando cada vez menor.
Corria. Corria por entre as folhas, os chinelos atolando no barro da roça. Queria se infiltrar na natureza, fazer parte dela e sentir-se como um animal se sente. Sentir a dor, a liberdade, ver como as coisas deveriam ser.
Corria, e sentindo seu corpo ainda pesado pela aparência humana, desejou tirar as roupas. Parou, e pensou se gostaria mesmo de destruir aquele elo com o mundo humano e moderno, pois aquela experiência era para sempre. Sentiria a sensação animal para sempre. Sim, gostaria. Desejava. Precisava.
E correndo, arrancou toda a roupa e junto dela, qualquer lembrança do mundo humano. E se juntando ao barro, aos animais, se camuflando nas plantas, estava limpa e puramente nua, para uma nova vida.
Adentrava na sensação, era como se agora, vivesse na natureza, como se estivesse sempre estado ali, e selvagem, não conhecera nada mais.
Sim! Pegaria chuva, viveria imunda, afundaria seus pés na lama, seria crua e nua. Deixara seus desejos íntimos á liberdade. E era assim que deveria ser.