quarta-feira, 9 de março de 2011

Resolvi terminar de ver a entrevista que Clarice Lispector concedeu à TV Cultura em 1977(vídeos disponíveis no youtube). Respirei fundo, me preparando para quase uma hora de minutos prolongados pela densidade de Clarice.

Ok Clarice, podemos começar, disse pra mim mesma, como se estivesse em frente a ela. Durante os vídeos fui absorvendo pequenas coisas, e comecei a perceber que as respostas que ela dava as perguntas do repórter, seriam parecidas, ou até mesmo iguais as que eu daria em seu lugar. Foi então que tive a idéia de propor uma brincadeira, um tipo de jogo, a mim mesma. E também a ela.

Lispector cruzou as pernas, e em meio à fumaça de um dos seus cigarros intermináveis, lançou-me um olhar misterioso e desafiador. Entendi aquilo como um sim.

Foi então que prossegui. Seria o seguinte: antes dela responder ao repórter, eu responderia, e depois veria se sua resposta era semelhante a minha.

Não querendo me comprar a grande rainha da literatura-jamais o faria- mas, digo só por diversão, que fiquei espantada em como traços de Lispector foram casar com alguns meus.

Foi uma surpreendente sensação, deliciosamente assustadora.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Luto para descobrir o que sou.
O suor vai escorrendo pela força que faço...
Mas não sei se minhas unhas que cavam um dia vão parar de cavar.
Não sei se tenho final, ou se sou infinita.
Perco o rumo,
deixo a casa vazia, sem mim.
saio e vou embora, a sua procura.
No fim, me sinto até fraca por não achar lugar seguro :
não consigo me esconder de você.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

bobagens de um sábado qualquer.

O menino sentado observava.

E via. Via não por observar, mas por querer ver.

E vendo sentia, sentia o prazer de ver aquilo em que se crê.

E pela crença, também via.

Via diferente; via o que só ele podia ver.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

egoísmo próprio

Quando era criança, gostava de regar as plantas pelas folhas. Achava que devia simular uma chuva: com a água caindo suavemente nos galhos verdes, escorrendo devagar e em quantidade adequada para o caule, e posteriormente, indo para o mais íntimo da planta: a raiz. A raiz que pulsa trazendo a vida, mas fica escondida, guardada, em segredo: protegida.

Gostava de observar as flores e degustar os frutos de uma planta bem cuidada, com a raiz fortalecida.

Hoje em dia não. Não sou mais criança pequena. Não dou mais atenção às plantas, e descobri que tudo fica mais fácil e rápido se jogo a água já no caule: vou direto ao ponto. Violenta, derramo jatos sem dar importância alguma, e a terra reclama da brutalidade, às vezes a raiz dói pela falta de pudor. As folhas, cada dia mais sem vida. Lambuzo-me dos frutos até saciar minha sede. Não cuido mais das flores do meu jardim.

Tempestade de ideias : cai em mim chuva de inspiração!

domingo, 13 de fevereiro de 2011