sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

egoísmo próprio

Quando era criança, gostava de regar as plantas pelas folhas. Achava que devia simular uma chuva: com a água caindo suavemente nos galhos verdes, escorrendo devagar e em quantidade adequada para o caule, e posteriormente, indo para o mais íntimo da planta: a raiz. A raiz que pulsa trazendo a vida, mas fica escondida, guardada, em segredo: protegida.

Gostava de observar as flores e degustar os frutos de uma planta bem cuidada, com a raiz fortalecida.

Hoje em dia não. Não sou mais criança pequena. Não dou mais atenção às plantas, e descobri que tudo fica mais fácil e rápido se jogo a água já no caule: vou direto ao ponto. Violenta, derramo jatos sem dar importância alguma, e a terra reclama da brutalidade, às vezes a raiz dói pela falta de pudor. As folhas, cada dia mais sem vida. Lambuzo-me dos frutos até saciar minha sede. Não cuido mais das flores do meu jardim.