terça-feira, 5 de julho de 2011

De cor.

  Moro em uma casa sem cor. Nunca sue dizer a cor da minha casa e também nunca quis saber. É que no mundo tem muita cor. Tanta cor que o homem jamais conseguirá nomear todas elas- sim, pois cada elemento da natureza, cada detalhe, forma uma nova cor. Muitas não são perceptíveis aos nossos olhos- e se conseguir, porque o homem tem essa mania de dar nome as coisas, não saberá ensiná-las às crianças, e nem gravar todo os nomes. A ambição do homem ultrapassa sua capacidade. Então temos as variações. Variações e instabilidades de azul, verde, amarelo, vermelho, preto e branco. É isso: moro em uma casa cor de variações e instabilidades.


  Queria mesmo é ter uma casa vermelha e azul. Assim, coisa bem bonita, e ai as pessoas iam parar pra olhar minhas cores e minhas cores iam mudar o dia dessas pessoas. Colorindo-os de vermelho e azul. Mas vermelho e azul bem fortes, como nos filmes de Almodóvar. “ Cores de Almodóvar”- disse bem Adriana Calcanhotto.

  Não que as minhas paredes com manchas de umidade me incomodassem. Na verdade, já tinha me acostumado com elas. E elas tinham se acostumado comigo. Convivíamos e nos aceitávamos. Eu observando, elas crescendo e tomando formas. Forma de arte. E eu, arte. Eu, arte? Queria.

  Talvez até precisasse. Então eu seria forte como as personagens de Almodóvar. Mulher como a Penélope Cruz, nos filmes vermelhos e azuis.

Seria feliz.

Seria feliz?

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Um comentário:

  1. A sua casa nao tem cor, mas ainda assim espero que ela seja sempre um refúgio, um abrigo...

    Lisette.

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