segunda-feira, 20 de junho de 2011

  O sol refletia nas costas negras. Os músculos trabalhavam fielmente, saltando para fora pela força que fazia. As mãos eram grandes e fortes. Suor, suor, suor: estava iluminado. A pele firme não se incomodava com o sol forte.
 Discretamente, eu desviava meu olhar do livro e ficava observando aquela demonstração de poder. Eu, na sombra.
 Os braços de traços profanos carregavam os troncos de madeira, que socavam o chão, amassando a terra. Todo o barulho cessava. Meus pêlos loiros se arrepiavam, aquele corpo negro. Enchia meus pulmões de fumaça, e soltava.
 Retomava então para o livro. O barulho voltava, e não parava nem para secar o suor, que ia pingando na grama verde.
 Eu era só mais uma pessoa na tarde quente de dezembro. Só mais uma pessoa cheia de inexistências. Alguém que há muito temia a própria sombra.
 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário