domingo, 13 de fevereiro de 2011

Madrugada

Abri as janelas. Podia escutar as ondas batendo nas pedras da costa, sentia a brisa leve que vinha da praia. Começava a chover.

E mesmo com o mundo inteiro implorando para que eu saísse dali, com toda aquela beleza, com o mar gritando-me, preferia meu quarto, sem luzes. Sem luzes porque o banco era muito longe, e o dinheiro também já tinha acabado.

Ia remendando meus dias com retalhos de sono e solidão. Durmo pela manhã, acordo, ponho minhas mãos sob o outro lado da cama, e encontrando-o vazio, como o encontrarei pelo resto de meus dias, volto a dormir. Á noite eu penso em ter que dormir, mas assisto à televisão que não liga.

Esse é o melhor jeito que já encontrei para gastar os meus dias de tristeza. Quando durmo demais, os pensamentos se confundem e perco a capacidade de distinguir sonho e realidade. Assim, vou aos poucos fechando as feridas com agulhas de esquecimento.

Só acordo mesmo para comer - na verdade eu não entendo porque ainda como -, e para preencher vazios alheios. E assim vou esperando a chuva de tristeza passar- sem olhar para o relógio, pois não tenho pressa- que logo será substituída pelas nuvens de tédio, e quem sabe depois não apareçam raios de felicidade?